sexta-feira, 31 de março de 2017

Sua POSTURA MENTAL na prova de IRONMAN



Mark Allen

O seu sucesso em um IronMan no dia da prova pode ser atribuído a um único fator: a sua postura e atitude diante da prova. O motivo é simples: todo o trabalho físico já foi feito e não tem nada mais que pode ser melhorado agora. Outro fator importante é a alimentação na prova, mas isso também você já cansou de treinar.
O que realmente pode transformar uma prova boa para uma prova "maravilhosa" é a sua atitude mental. E melhorando isso você estará próximo de se tornar um atleta completo.
Mesmo que você esteja no melhor dos seus dias, ter a cabeça no lugar é a chave. Se não for o melhor dos seus dias, será o diferencial entre desistir e terminar a prova. 
Vamos olhar para o Havaí 2001. Ventos fortíssimos chamaram a atenção de todos os atletas. A maioria terminou, mas alguns que ficaram pensando no "vento" fizeram erros bobos de alimentação e no ritmo da prova que não estavam acostumados. Resultado: não terminaram a prova.
Como você reage a intensidade da prova? Estressado ou tranqüilo? Você encara as dificuldades do dia como um desafio prazeroso ou se pergunta por que entrou nessa loucura? Você fica pensando como será na chegada ou como você deve correr e qual ritmo seguir? Você já está procurando uma desculpa se por acaso desistir ou você já sabe que vai terminar? Você estará dando tudo? Ou não, porque de repente você acha que as condições da prova não são ideais para terminar. Saber responder essas perguntas é o caminho para se tornar um atleta completo.
Aqui vão quatro sugestões que ajudarão a melhorar sua atitude mental. Elas te darão forças independentes das forças externas negativas (tempo, cansaço, ...).

Acalme sua cabeça.
É o fator mais importante para uma prova perfeita.
Uma atitude negativa (está difícil, esta doendo, porque estou aqui, ...) já acaba com a sua prova antes dela começar. Se for impossível achar algo positivo nessa hora, faça outra coisa para acalmar seu pensamento. Pare de pensar na prova e, por exemplo, se concentre na sua respiração. Conte quanto tempo você inspira e expira. Preste atenção no seu corpo e o que está acontecendo a sua volta sem julgar nada. Isso irá liberar a sua cabeça e talvez assim você começará de novo a se sentir melhor.

Paciência
O tempo da prova é muito relativo. As vezes ele passa muito rápido em algumas fases da prova. Em outras ele demora mais. Se perder a paciência a prova será interminável. O segredo é fazer a prova passar rapidamente. O segredo é se lembrar que ninguém está te obrigando a estar ali naquele momento. Foi você quem escolheu estar ali, portanto você não deve se cobrar nada. Essa é uma prova de paciência e você deve rir dos momentos mais absurdos. Parece obvio, mas lembre-se disso quando começar a perder a paciência e querer que a prova termine o mais rápido possível. Acalme seu pensamento e a velocidade aumentará.


Seja grato
O contrário disso é se concentrar em o quanto a prova é difícil. Errado. Ser grato é agradecer que você está vivo e é capaz de fazer isso. Comece a prestar atenção naquilo que está a sua volta. Uma das melhores formas de fazer isso é prestar atenção na natureza a sua volta, ou se não tiver nada bonito, lembre-se de algum lugar maravilhoso que você já esteve (uma montanha, um lago, algo que te marcou). É nessa hora que você começa a esquecer a dor e os problemas ali enfrentados e agradecer por estar vivo.
"Obrigado por estar aqui" é o que temos que dizer. Isso vai livrar sua mente, pois mesmo sentindo esse desconforto você estará lidando muito bem com isso, pois é um privilegiado de estar ali naquela hora, trabalhando seu corpo em todas as possibilidades possíveis.


Melhorando a autoconfiança
A maioria de nós constrói essa confiança durante o período de treinamento e preparação, se sentindo mais fortes e dizendo para nós mesmos o quanto estamos bem. Só que tudo isso pode evaporar no momento que é dada a largada.
Quando a realidade da prova não bate com aquela imagem positiva que você imaginou, uma guerra mental começa a acontecer, e quando isso ocorre à prova vence e você perde.
Então aqui vai um outro modelo para desenvolver sua autoconfiança. Isso tem muito a ver com a forma de cada um de nós ver a vida e confiar nela. Muitos não confiam nela e sempre tem uma atitude negativa, sempre se preocupando em o que pode acontecer de ruim no lugar de aceitar a vida como ela é, ou seja, com o lado ruim e o BOM.
Essa forma de autoconfiança diz que não importa o quanto a prova seja difícil. A sua vida e a vida continuam. Pensando assim, você vai encarar os desafios da prova como ela é, ou seja, sem dar muita (ou pouca) importância aos problemas.
Isso não tem nada a ver com o resultado da prova e nem com a "prova ideal" que você tinha imaginado. E como os dois não estão ligados, as possibilidades de transformar as atitudes negativas em positivas são enormes.
Uma das formas mais fáceis para melhorar essa forma de autoconfiança é perguntando o que eu estou refletindo. Uma atitude negativa? Fraqueza? Um pobre coitado? Ou estou refletindo gratidão, paciência, força, humildade e a aceitação de que posso lidar com qualquer dificuldade. Refletir sobre atitudes positivas irá transformá-lo em um atleta completo.
Você deve sempre praticar essas técnicas como se estivesse praticando as técnicas de nado, ciclismo e corrida. Experimente, cada vez que treinar / competir pode ser a chance de colocá-las em prática. Lembre-se que um atleta completo sempre irá trabalhar o corpo e a cabeça. Um atleta fisicamente preparado, mas que "amarela" quando estiver sobre pressão não é completo. Quando as duas coisas se juntam e são constantemente melhoradas, o atleta estará completo e a "prova perfeita" estará muito próxima.

SER A SUPERAÇÃO!

ser um Ironman




"Nove de Outubro de 1982, seis e pouco da tarde. Já quase trinta e seis quilômetros de corrida… até ali atrás eu tinha consciência do que vinha se passando. Dessa vez era, meu décimo segundo dia no Havaí. Diferente das outras tantas vezes, eu quase não tinha tempo de pegar onda ou visitar os amigos na ilha. Dessa vez, eu tinha levado para lá, pro outro lado do mundo, uma ideia muito mais louca do que um “drop” numa onda gigantesca de Waimeia ou a esperança perigosa de um tubo perfeito em Pipeline.

O Havaii, agora, podia ser qualquer outro lugar do planeta. Não precisava ter ondas, nem montanhas, nem turistas…

Até uns dois ou três quilometros atrás, eu ainda tinha consciência das coisas. Vinha me lembrando do meu treinamento de mais de um ano, da minha dedicação sacerdócio à preparação, à alimentação e até à teoria desses eventos malucos que tantos e há tanto tempo me atraiam…

Até uns dois ou três quilômetros, meu metabolismo era o de um homem normal, muito cansado. Mas ali, naquele preciso momento, eu não era mais um homem normal. Minhas reservas de proteínas, carbo- hidratos, glicogênios e tudo o mais que nos faz continuar a viver, já estavam, ou deveriam estar, plenamente esgotadas. Minha visão da estrada à frente era turva e amarelada, como uma foto envelhecida e desfocada. Não ouvia sons, não destinguia os olhos das pessoas que se alinhavam de ambos os lados da rua. Não sentia meus pés tocando o asfalto, nem o vento que devia estar batendo em meu rosto, nem o desconforto do suor, nem o cansado, nem dor, nem emoção. Era como se eu não existisse mais, da maneira que eu sempre estivera acostumado.

Até alguns minutos atrás, eu me preocupava com o quanto faltava para o final do Campeonato Mundial de Triatlon para o qual eu tinha tão exaustivamente me preparado. Agora, nada mais me preocupava. Agora, me dava a impressão que se não colocassem uma parede lá na chegada eu ia continuar correndo eternamente.

De repente, a linha de chegada. Gradativamente, sons, cores, sensações, tudo começou a acontecer outra vez. Aplausos, flashes, abraços, elogios, calor humano, emoção. Volta à terra. Pés no chão de novo.

O inexplicável é que não senti, como de se esperar, a vitória sobre as outras pessoas(fui o primeiro estrangeiro a terminar a prova). Minha alegria realmente se baseava no terminar a corrida. Meu desafio não tinha sido proferido contra ninguém, mas contra mim mesmo.

Naquele momento exato em que as forças materiais abandonam um atleta, quando no auge de uma competição, se alcança aquele estágio em que, clinicamente, é impossível a continuação do esforço físico, a gente descobre que existe mesmo algo bem mais importante do que vencer.

Há quase seis anos, venho repetindo esses momentos mágicos de competir. Tenho tido meus esforços premiados várias vezes, colecionando troféus, heranças carinhosas de meus filhos. Mas não me lembro quantos de primeiros segundo e terceiro lugar. Procuro ver cada taça, cada medalha, cada diploma, como um lembrete daquele dia especial em que “me venci”, em que fui mais longe do que se esperava possível.

Sei lá, mas acho que isso deve acontecer com todo mundo que ama a competição atlética, com todo aquele que se empenha a fundo, em treinamentos super disciplinados se abstendo de tanta coisa boa, buscando a forma propícia à prova.

Acho que isso, mais que minhas taças, é o que pretendo passar para meus filhos: o desafio melhor de vencer a si mesmo antes da vaidade, do orgulho vazio de vencer os outros.

Daqui para frente vou começar a conversar com essa gente especial que procura incansavelmente o porque de “ser de ferro”. Pode ser que isso ajude aos outros que vem por ai, nos passos, saindo para treinar em manhãs frias, trocando bailes aconchegantes por tabelas de descanso, refeições apetitosas por dietas balanceadas, economizando em tudo pela aquisição de melhor equipamento, etc…

Também pode ser que não ajude em nada. Se bem me lembro, foi só mesmo ali, aos trinta e poucos quilômetros da corrida em Kona, 1982, que eu tive um vislumbre do que isso tudo representa. Quem sabe, cada um de nós tem mesmo que ver pelo seu próprio prisma, a sua relação a “ser de ferro”. De qualquer maneira, espero que todos possam, ou já tenham experimentado esses inesquecíveis momentos de vitória “do espírito sobre a matéria, da vontade sobre a inércia e da fé sobre o impossível”

Marco Ripper (TRIATHLETA IRON) 

quinta-feira, 2 de março de 2017

Tecnologias no TRIATHLON


Triathlon um bom esporte sempre